JOGO EXCESSIVO OU PROBLEMÁTICO

O problema do jogo pode afetar várias áreas da sua vida, como as relações, a saúde, a situação financeira ou o trabalho.
“O Vício Oculto”
O jogo problemático é frequentemente chamado de “vício oculto” porque, diferentemente do abuso de álcool ou drogas, raramente existem sinais externos ou sintomas físicos. É um distúrbio caracterizado pela preocupação com jogo e apostas, perseguição de perdas e perda de controlo sobre a quantidade de tempo e dinheiro gasto em jogos e apostas.
É com bastante precisão que hoje em dia se conhece o processo seguido por um jogador problemático desde o dia em que inicia a sua actividade de jogo até perder o controlo da mesma.
Neste processo, ao longo do tempo, o jogador, inicialmente recreativo, experimenta uma transformação progressiva da sua conduta de jogo, a frequência com que joga e o significado que para ele tem o jogo, assim como outros aspectos da sua vida, como as relações familiares, a situação laboral, o conceito que tem de si mesmo e, evidentemente, a sua situação económica. Inclusivamente poder vir a incorporar novas condutas delitivas.
Especialistas falam de um período de cerca de cinco anos desde que a pessoa se inicia no jogo até à perda de controlo.
Este período poderá ser mais curto. Sabe-se que os grandes ganhos nos primeiros episódios de jogo aceleram o processo.
Os indivíduos com problemas de jogo passam por estágios progressivos antes de se tornarem jogadores compulsivos/patológicos.
AS FASES DO JOGADOR
Fase Ganhadora
Neste primeiro período produzem-se episódios de ganhos que conduzem a uma maior excitação pelo jogo. A pessoa sente-se um jogador excecional já que, para além de querer ganhar, a aprendizagem e o “domínio” das técnicas próprias do jogo, aumentam a sua excitação e motivação por ele. Os episódios de ganhos estabelecem na mente do jogador que podem voltar a acontecer.
No entanto, a sensação de ganhos parece estar relacionada com o feito de “não perder” já que se investe pouco dinheiro no jogo, e em poucas ocasiões o dinheiro destinado a outros gastos (pagamento de faturas, alimentos, necessidades básicas, etc.).
Fase da Perda
A primeira fase cria uma atitude optimista no jogador que o leva a investir maior quantidade de dinheiro nos episódios de jogo. Isto leva-o a fortes perdas económicas e é aqui que, em não raras ocasiões, a motivação para jogar não é ganhar, senão recuperar o dinheiro perdido.
É próprio desta fase que o jogador comece a jogar sozinho. Perante as perdas procura novas formas de obter dinheiro para jogar (fórmulas rápidas de obter dinheiro, principalmente empréstimos).
As dívidas, os empréstimos, etc. aumentam a pressão e o envolvimento no jogo. Este envolvimento provoca uma deterioração das suas relações familiares e laborais.
Tratando de ocultar o seu problema, aparecem as mentiras e os pretextos que vão minando a relação matrimonial. No plano laboral diminui o rendimento, chegando a perder horas de trabalho.
Os “ganhos” que acontecem nesta fase são sempre muito inferiores aos montantes necessários para cobrir as dívidas. É então quando aumenta a pressão que o faz continuar a jogar e aumentar as quantidades de dinheiro apostadas.
Tudo isto conduz a uma situação financeira critica. Neste momento, geralmente o jogador comunica à família a sua situação, solicitando um voto de confiança e dinheiro para sair dos apuros em que se envolveu.
Esta trégua dada pela família e o ambiente não favorece que o jogador assuma a responsabilidade e leva-o ao otimismo próprio das primeiras fases do jog, levando o jogador a pensar que, em definitivo, nunca ocorrerá algo desastroso.
Fase do Desespero
O início da trégua marca o caminho para a fase do desespero. A resolução das dívidas não elimina a verdadeira adição ao jogo e é normal que se produzam, então, vários momentos de tréguas, já que o jogador perante a nova atitude otimista que apresenta, repete episódios de jogo que incrementam as perdas e as dívidas.
As sucessivas tréguas dadas pela família e o entorno do jogador, acabam por minar a confiança desta no interesse sincero mostrado pelo jogador. Surge então um estado de pânico provocado pala união de diferentes factores:
> As grandes dívidas, a ansiedade por resolvê-las rapidamente, o sofrimento pelo desgosto de familiares e amigos, o desenvolvimento de uma reputação negativa e um desejo nostálgico de recuperar as sensações agradáveis dos primeiros dias de jogo.
> A pressão pelo incremento da conduta de jogo e o aparente desentendimento de familiares e amigos, multiplicam o risco de procurar vias de empréstimos ilegais ou actividades delitivas.
> A intranquilidade, nervosismo, irritabilidade, etc. afetam as condutas básicas como o sono e a alimentação. Inclusivamente alguns jogadores são incapazes de continuar no seu emprego ou negócio.
Nestas circunstâncias, o jogo já não diverte.
ALGUNS SINAIS INDICADORES DE QUE OS JOGOS E APOSTAS PODERÃO CONSTITUIR UM PROBLEMA

> Consumo crescente de tempo em jogos e apostas.
> Preocupar-se com jogos e apostas.
> Consumo crescente de dinheiro.
> “Perseguir” as perdas sofridas.
> Pedir dinheiro emprestado para praticar jogos e apostas.
> Aumento de dívidas devido aos jogos e apostas.
> Envolver-se em fraudes, furtos ou outras práticas ilícitas para financiar a prática de jogos e apostas.
> Mentir para encobrir a prática de jogos e apostas.
> Negligenciar compromissos e responsabilidades laborais perante a família e os amigos.
> Praticar jogos e apostas para se evadir das obrigações ou pressões da vida quotidiana.
ESTES SINAIS PODEM INDICAR UM PROBLEMA

> Joga para não sentir, para não estar preocupado com eventuais problemas que possa ter, joga para se abstrair e alhear da “realidade”;
> Encara o jogo como um investimento financeiro, a fim de aumentar a sua qualidade de vida e a dos seus familiares. Acha que merece um tipo de vida melhor, por se considerar “especial e diferente” e não se ajusta a uma vida rotineira;
> Pede dinheiro emprestado para ir jogar, ou para pagar dívidas relacionadas com o jogo;
> Verifica que tem grande dificuldade, ou mesmo incapacidade, para parar de jogar, quer esteja a ganhar ou a perder;
> Perde facilmente a noção do tempo e do dinheiro que gastou. Gasta muito mais do que o razoável ou previsto e chega a ficar sem dinheiro;
> Os problemas a nível profissional começam a ser evidentes, em termos de assiduidade, pontualidade, concentração, planeamento, produtividade, etc.;
> Tem sentido um aumento de stress, enxaquecas, ansiedade, depressão, insónias, hipertensão, etc.;
> Consome cada vez mais tempo e maiores quantías de dinheiro cada vez que joga;
> Está constantemente a pensar e a planear ir jogar novamente, sentindo remorsos imediatamente a seguir a fazê-lo;
> Sempre que perde, sente uma irresistível vontade e necessidade de recuperar o dinheiro gasto, acreditando fortemente que o vai conseguir;
> Costuma mentir e omitir factos relacionados com o jogo, para não colocar entraves à sua prática;
> Em geral, sente-se distante, triste, desesperado, só e com baixa autoestima. Sente que está a perder o controlo da sua vida aos poucos;
> Já sentiu, pelo menos uma vez, a sua reputação ameaçada, ou fez grandes esforços para a manter intacta;
> Já colocou em risco relações conjugais, familiares, profissionais ou sociais devido ao jogo. Sente que ameaçou ou corrompeu certos valores e princípios, que eram anteriormente inquestionáveis;
> Já ponderou seriamente deixar de jogar e fazer algo de concreto nesse sentido, por sentir que certas situações foram “longe demais”.

Quantas mais respostas afirmativas, maiores serão os seus problemas de jogo.
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